Era uma noite de domingo, perto da hora do culto numa igreja evangélica, no interior do Brasil. As crianças chegavam ao templo, acompanhando os pais. Passos à frente, mas diante do olhar da família, brincavam do que, numa infância não muito distante, se chamava “polícia e ladrão”.
Talvez você também tenha brincado disso. Seja nas ruas, nos quintais, nos terrenos vazios, nas áreas de lazer dos condomínios, nos morros. Sempre havia uma criança, ao menos, que tinha que fugir. E uma outra, que ia perseguir. A lógica da diversão parece não haver mudado. O que me chamou a atenção, nesse caminhar até do culto, foi o diálogo seguinte :
– Eu sou a polícia.
– Ah, não! Eu não quero ser bandido de novo.
– Então é o fulano, e é ele que vai ficar tomando conta do cativeiro, para ninguém fugir.
“Cativeiro”, como assim? A palavra veio da boca de uma criança que tinha uns cinco, seis anos no máximo. E que já sabia, em linhas gerais, o que é um cativeiro. A brincadeira não chegou ao fim, porque era hora de entrar na Igreja. Por pouco, muito pouco, não iam discutir como seria o sequestro e o pagamento do resgate também.
Infelizmente, não dá para fechar os olhos para a realidade.
Não dá pra voltar no tempo e mudar o passado, para que o presente seja outro. Foi assim que as coisas aconteceram na série de filmes “O Exterminador do Futuro”. Onde, veja só, era necessário dizimar as chances da humanidade vencer uma guerra com as máquinas. E as salas de cinema vibraram com um trocas de tiros entre homens e robôs, entre robôs e robôs – e até entre homens e homens.
No filme, o futuro foi alterado. Exterminado.
Como a inocência de nossas crianças. E não venha dizer que a culpa é da imprensa porque a crueldade chega até dentro dos lares com os aparelhos de TV e rádios desligados, pelo celular.
Assim, desde pequenos, meninos e meninas aprendem o que é o crime, mesmo longe dos centros urbanos. Também aprendem o que é raiva, devassidão, inveja, desonestidade etc.
Parece que estamos exterminando o que há de mais maravilhoso na nossa natureza, a chave que abre as portas da eternidade: “Em verdade, vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”. (Mateus 18:3)
A inocência é ameaçada diariamente.
Não dá pra isolar nossos pequeninos do contato com o mundo, nem obrigá-los a brincar de roda, peão ou outras diversões de salão, como era há anos.
Mas dá para pregar o amor.
Dá para brigar pela retirada dessas crianças das esquinas e semáforos. Dá pra poupá-las do contato com as más influências. Dá para contribuir pelo fim do trabalho infantil, escravo e doméstico. Dá para incentivar o estudo, a partir da oração e até a manutenção de escolas cristãs. Dá para mudar de canal, mudar de filme, mudar de revista, mudar de conversa, sair daquele grupo do Zap, bloquear os contatos.
Prolongar a pureza também é mandamento de Deus. É preservar o futuro. É evitar que a maldade, maledicência, e outros nomes dados para pecado, cresçam entre nós.